Para
o relações públicas da PM do Ceará, coronel Fernando Albano, não há
motivos que possam ser destacados com relação a essa insatisfação dos
cearenses (Foto: Divulgação)
Não se anda mais pelas ruas como antigamente. Sentar na
calçada de casa para “jogar conversa fora” é algo que quase não se ver
mais. A violência faz seu
trottoir pela cidade. O reflexo disso é a falta de confiança na Segurança Pública. Você está satisfeito com o serviço da polícia?
De acordo com a
Pesquisa Nacional de Vitimização,
do Ministério da Justiça, divulgada na última quinta-feira (5), cerca
de 50% dos cearenses que registraram ocorrências como roubos, acidentes e
agressões em 2012 ficaram insatisfeitos com as Polícias Militar e Civil
do estado. No Ceará, entre os casos mais insatisfatórios quanto à
resolução dos crimes, estão roubos de motos e de objetos, com 86,9% e
63,3%, respectivamente.
Ao todo, foram entrevistadas 78 mil
pessoas em 346 municípios brasileiros. A lista de crimes inclui furto e
roubo de automóveis, furto e roubo de motocicletas, furto e roubo de
objetos ou bens, sequestro, fraudes, acidentes de trânsito, agressões,
ofensas sexuais e discriminação. Segundo a pesquisa, a avaliação do
trabalho das polícias em Fortaleza foi negativa: -4,8%.
As
polícias militar e civil da Paraíba são as que mais deixaram satisfeitos
os cidadãos que entraram em contato com ambas as corporações no último
ano. O número chega a 65,6% no estado, o índice mais alto do Brasil
(veja tabela com números de todo o país abaixo). Rio Grande do Sul e Rio
de Janeiro aparecem em seguida com as forças de segurança mais bem
avaliadas.
Para o relações públicas da PM do Ceará, coronel
Fernando Albano, não há motivos que possam ser destacados com relação a
essa insatisfação dos cearenses. “Na minha concepção, a PM do Ceará é a
melhor do Brasil”, argumenta. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública
e Defesa Social do Estado (SSPDS) informou que, embora não tenha acesso
formal à pesquisa, o número de pessoas que denunciaram os crimes
conforme o estudo são baixos, o que dificulta as ações das polícias e a
apuração de estatísticas que direcionem o trabalho.
InsatisfaçãoA
crescente sensação de insegurança é um dos motivos que vem contribuindo
para o desgaste da imagem das policias segundo o sociólogo Yan Coelho.
“Não é um desgaste apontado apenas em Fortaleza, é típico do fenômeno da
banalização da violência, cada vez mais homicídios, crimes, a violência
cresceu assustadoramente”.
Ele aponta ainda que serviços de
inteligência e de investigação não são muito percebidos pela sociedade,
já que essa tem uma necessidade maior de ver patrulhamento nas ruas para
se sentir segura. “Hoje a população tem uma crítica de que é preciso um
policial em cada esquina. No entanto, há uma defasagem do número de
policiais e outras questões como a defasagem de salários e uma série de
condições para o trabalho da polícia. Uma crise que não tem soluções
novas” acrescenta.
DadosNo período de um
ano anterior à realização da pesquisa, a média de pessoas que foram
vítimas de algum tipo de crime ou ofensa no Ceará foi de 26,6% – quinta
maior do país -, superando a nacional de 22%. Desses entrevistados,
apenas 18,3% registraram ocorrências nas polícias do estado, ficando
abaixo da média nacional de 19,9%.
No geral, considerando-se os
tipos de crimes estudados, a PM é mais acionada do que a Civil para o
relato de ocorrência, com exceção dos casos de fraude. O motivo mais
frequente para o registro da ocorrência é a esperança de recuperar o bem
perdido, especialmente nos casos de roubo e furto de motos e de
automóveis.
Com relação às razões de insatisfação, além do
aspecto subjetivo da falta de atenção dos policiais (25,4%), aparecem as
afirmações de que a polícia não recuperou o bem (11,7%), não resolveu o
caso (10,8%) e não achou o culpado (9,7%).
Como a pesquisa foi
realizada entre junho de 2010 a maio de 2011 e junho de 2012 a outubro
de 2012, a SSPDS destacou que com os novos 1.057 policiais militares
atuando, em Fortaleza, desde o último mês de novembro, o nível de
satisfação da população deve aumentar.
Fonte: Tribuna do Ceará