O
ano de 2013 deve contabilizar 1.800 novos casos de câncer de mama no
Ceará. O Ciência & Saúde alerta para a importância de a mulher
prestar atenção em si. Se descoberto e tratado cedo, o potencial de cura
é de mais de 60%
Com
cerca de 630 mil mulheres cearenses com idade de realizar exames
mastológicos (acima de 30 anos), somente um quarto delas fazem o
acompanhamento adequado das mamas. O mais grave, explica o médico, é que
mais de 50% dessas mulheres só procuram os hospitais em estágios
avançados da doença, quando as chances de cura regridem
consideravelmente. O comportamento preventivo das mulheres, relata o
médico, está distante do ideal. “A maioria delas não faz a mamografia,
nem mesmo o autoexame regularmente”, lamenta Porto.
O
câncer de mama é a principal causa de morte por câncer na mulher
cearense, segundo dados do Grupo de Educação e Estudos Oncológicos
(Geeon) e do Comitê Estadual de Controle do Câncer. O Instituto Nacional
do Câncer (Inca) estima que, ao fim de 2013, aproximadamente 1.800
novos casos tenham sido diagnosticados no Ceará. A incidência da doença
no Nordeste, em comparação com outras regiões brasileiras, é considerada
elevada, de acordo com o chefe do Serviço de Mastologia da Maternidade
Escola Assis Chateaubriand e do Hospital das Clínicas, Luiz Porto.
Ele acrescenta
um agravante: o Estado não possui mamógrafos suficientes e os que estão
disponíveis são mal distribuídos nos municípios. “Só em Fortaleza, mais
de 3 mil mulheres com achados suspeitos de câncer na mamografia aguardam
exames complementares, como as biópsias, há um tempo acima do prazo
máximo de 60 dias. Não se tem uma estruturada adequada para esses
diagnósticos”, descreve Luiz Porto.
O médico alerta
também que o envelhecimento da população e a exposição das mulheres,
cada dia mais, a fatores de risco têm conduzido os números a um aumento
preocupante, e incidência maior em mulheres mais jovens. “A situação é
grave e o poder público ainda não dá a esse problema a atenção
necessária”.
“Se
diagnosticado e tratado cedo, o potencial de cura é de mais de 60%”,
lembra o oncologista clínico do Inca José Bines. O presidente da
Sociedade Brasileira de Mastologia - regional Ceará, Antônio de Pádua
acrescenta que todas as mulheres devem fazer mamografia anual e mostrar o
exame ao mastologista, após os 40 anos.
Outubro Rosa
São
nessas realidades que se respalda a luta da enfermeira Gilze Francisco,
53. Ela é presidente do Instituto Neo Mama de Prevenção e Combate ao
Câncer de Mama, em São Paulo, responsável pelas primeiras ações do
Outubro Rosa no Brasil, em 2008. “Nossa luta é pela desmistificação do
tema, de modo verdadeiro e menos alarmista, fazendo com que as mulheres
compreendam a importância do diagnóstico precoce da doença”, declara.
Neste domingo, o Ciência & Saúde está iluminado de rosa, como toda a edição de O POVO de hoje, para lembrar quão importante é prestar atenção a si e não protelar os cuidados necessários à mama.
Números
1.800 novos casos de câncer de mama são estimados pelo Inca, no Ceará, em 2013
50 mil novos casos de câncer de mama são diagnosticados por ano no Brasil
40 anos é a idade média com que a mulher deve iniciar a mamografia
Saiba mais
No dia 23 de
maio deste ano, entrou em vigor a lei 12.732/12. Válida para toda a
rede pública do País, ela prevê que pacientes com câncer deverão começar
o tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS) em, no máximo, 60 dias
após o diagnóstico da doença, seja por meio de cirurgia, radioterapia ou
quimioterapia.
Dois meses antes, o
SUS passou a realizar a cirurgia plástica reparadora de mama
imediatamente após sua retirada por decorrência de câncer,
preferencialmente no mesmo procedimento cirúrgico. A determinação foi
publicada no dia 25 de março no Diário Oficial da União.
A mamografia anual
deve ser iniciada, em média, após os 40 anos. A filha de uma mãe que
teve câncer de mama deve iniciar o exame 15 anos antes da idade da mãe
quando o tumor foi detectado.
Fonte: O Povo